Invenções criadas por estudantes brasileiros têm mercados
milionários, afirma SENAI!
Marcelo Castro e os furos "quadrados": mercado de US$ 1,5 bilhão, dominado pelos japoneses.
Imagine uma furadeira que, conforme a broca gira, o furo sai quadrado. Ou uma salsicha sem conservantes e corantes artificiais, substituídos por beterraba – sim, o gosto é o mesmo. Ou ainda um colete para fazer trilha, no qual também se pode dormir após a caminhada, porque ele vira uma barraca simplificada. Tudo isso existe e foi criado por estudantes brasileiros do ensino técnico, que agora buscam investidores e empresas para colocar as ideias no mercado.
Esses são alguns dos 50 inventos que concorrem no Inova SENAI, evento paralelo da Olimpíada do Conhecimento, o maior torneio de educação profissional das Américas, realizado nesta semana em São Paulo pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. O SENAI calcula que, juntos, os projetos podem gerar receita de R$ 55 milhões no primeiro ano de funcionamento.
O aluno Marcelo Campos, na verdade, não inventou o furo quadrado. Mas usar essa criação do século 19 sempre foi algo complicado, porque cada formato de furo – quadrado, retangular, estrelado e outros – precisava de uma máquina enorme, pesada e cara. Com a novidade, é só trocar a broca, numa mesma máquina. "Fica tão fácil quanto fazer os furos cilíndricos. É um mercado de US$ 1,5 bilhão, atualmente dominado pelo Japão, que tem 22% das vendas mundiais", diz Campos.
O que Campos fez foi desenvolver um programa de controle de maquinas, que pode ser instalado numa furadeira industrial amplamente usada pelo mercado e fazer ela "entender" o movimento que diferentes brocas realizam para criar o furo – é ma
is ou menos como se rodassem e ao mesmo tempo "rebolassem" no próprio eixo. As aplicações vão da fabricação de máquinas agrícolas à produção de rolamentos. "Procurei patentes nos EUA e na União Europeia e não há nada parecido registrado", diz Campos, que aguarda seu pedido de patente tramitar nos órgãos brasileiros responsáveis.
Salsichas mais saudáveis: saem corantes e conservantes artificiais, entra a beterraba.
ão surpreendente quanto um furo quadrado talvez seja uma salsicha saudável. Foi essa a criação da professora Alessandra Palazzo e do aluno Jefferson Santos, do curso de técnica de alimentos do SENAI de Campinas. Eles conseguiram substituir os corantes e conservantes artificiais por uma espécie de pó de beterraba. "Por serem de origem vegetal e não química, as substâncias se acumulam menos no organismo", explica Alessandra.
A ideia já está a caminho do mercado. Uma empresa de Boituva (SP), chamada CowPig, deve produzir em breve a novidade. A marca fez os 120kg trazidos para serem degustados no evento, sucesso entre os milhares de estudantes que circulavam no Parque Anhembi (SP).
"Queríamos fazer algo saudável. Conseguimos substituir o sal de cura e corantes como o urucum, que tem ácido fosfórico", diz a professora. O preço final, já com lucro de 40%, seria de R$ 3,47 por pacote de 250g de salsicha Viena (a mais nobre, sem "carnes mecanicamente separadas", que têm pedaços de ossos).
Outro produto promissor – e que também custa menos do que se imagina – é o colete que vira barraca. Criado por alunas e professoras do SENAI de Dourados (MS), a peça pesa menos de 7kg – na verdade, parece bem leve quando vestida, porque "abraça" o corpo e distribui o peso. Dentro dela, estão uma rede, um mosquiteiro e uma lona de cobertura, além das cordas que colocam isso tudo de pé, para formar um acampamento simplificado.
"Estamos conversando com uma empresa da cidade, que tem nos ajudado no desenvolvimento, para colocar o colete no mercado", diz Daniely Sotolani, do curso de química. O preço no varejo, incluído lucro de 30%, ficaria próximo a R$ 140.
Daniely veste o colete que vira uma barraca simplificada (ao lado dela): preço de R$ 140.
O Inova SENAI tem mais uma série de ideias que chamam a atenção. Outro bom exemplo é a máquina inventada por Wanderson Akiyama, que pica, lava e acumula os restos de copinhos plásticos. Poderia ser colocada em quase todas as empresas e repartições públicas do País.
"O Brasil descarta, sem reciclar, 98 toneladas por ano de copinhos plásticos", diz Akiyama, enquanto segura um retrovisor feito com 32 copos reciclados e um pente que deu nova vida a 15 copos do tipo.
Por isso, uma série de potenciais investidores deve visitar o evento nos próximos dias (termina dia 18, mas a visitação pública vai só até dia 16). Entre eles, Cássio Spina, da rede Anjos do Brasil, Michel Brunet, da Inova Tools, e representantes do BNDES/Criatec, ABVCAP e Finep. Além do cobiçado dinheiro desses investidores, os estudantes disputam prêmios que chegam a R$ 300 mil. Os lucros dos produtos, acredita o SENAI, pode ser bem maior que isso.
http://economia.ig.com.br/2012-11-16/pais-de-furo-quadrado-salsicha-saudavel-e-mochila-barraca-buscam-investidores.html
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